Ano novo, vida nova? Não para todos, ainda mais para aqueles que acreditam que somente com alterações externas se obtém transformações internas.
Não é errado criar planos e metas profissionais, materiais ou financeiras, e inúmeras pessoas realizam isso na busca de superação pessoal, à vista de efetuar boas escolhas no ano que se inicia, porém quando esses fatores externos estão atrelados à uma expectativa de mudança interior o resultado preciso é a frustração.
Para a psicanalista Leticia do Nascimento a mudança pessoal interna só começa a ocorrer quando a pessoa decide e age ativamente nessa transformação, encarando isso com determinação e seriedade, a ajuda terapêutica pode ser necessária nessa busca.
Alguns podem preferir se manter do jeito que estão e culpar a qualquer indivíduo ou circunstância pelos seus infortúnios, o lugar de vítima é muito confortável, e quem se mantém nessa posição dificilmente vai se tornar alguém melhor, principalmente por que não acredita que sua melhora pessoal influencia seus pensamentos e ambientes, ou seja, nada muda enquanto sua visão sobre si e sobre o mundo não mudar, mesmo que transformações externas ocorram.
Sabendo disso entende-se que o primeiro passo para mudança pessoal é tomar responsabilidade sobre a vida, de acordo com a profissional Leticia do Nascimento a maioria das pessoas desistem nesse ponto, pois sair de uma posição passiva, de atribuir culpa, e tomar uma atitude ativa, de olhar para si e se perguntar: “O que posso fazer para sair dessa situação?”, é um gasto de energia que nem todos estão dispostos a experienciar.
O segundo passo é fazer o levantamento das suas emoções, atitudes e hábitos tóxicos e procurar entender o porquê essas características se mantêm, de onde surgiram? Do que nos protegem? além de outras questões. “Com a terapia psicanalítica buscamos juntos dar sentido ou significação àquilo que está oculto ao analisando“, afirma a terapeuta. Mais do que uma receita de bolo, orientando atitudes para mudança, como exercer mais a gratidão, se alimentar melhor, fazer exercícios e sorrir mais, algo mais à fundo precisa ser transformado, os padrões mentais. É necessário reaver e elaborar traumas, rótulos e crenças limitantes que constituem o sujeito, ir profundamente ao encontro de si mesmo para acessar a engrenagem do funcionamento mental, e assim fazer as alterações necessárias que refletirão em novas atitudes e hábitos.
“É necessária uma elaboração profunda e minuciosa dessas questões internas, o que pode ser feito através da terapia. À nível consciente podemos decidir muitas mudanças: Ser mais paciente, dizer mais o “não”, perdoar mais, etc. Porém devemos considerar os “sabotadores” inconscientes, que com muita frequência desejam o contrário”, explica Leticia. Percebe-se que a mudança interna não é algo simples e banal. Por vezes vai exigir anos de análise, significação e insights. Os que conseguem mudar de uma noite para outra provavelmente não conseguirão sustentar essa posição por longo prazo, a reconstrução de si mesmo leva tempo, é um processo que requer muito esforço e transpiração. A dica é aproveitar essa evolução com paciência, nutrida com a esperança de um dia finalmente encontrar a sua melhor versão.
Letícia do Nascimento, 34 anos, formada em Administração de empresas, Psicanalista, pós-graduada em Psicanálise Clínica e intervenções clínicas, e escritora do livro: “Qual é o sentido da vida?”
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